Por Igor Tokarski
Os movimentos de
combate à corrupção têm potencial para fazer um enorme bem à democracia
brasileira. Afinal de contas, a liberdade de expressão é uma das maiores
conquistas do nosso povo e é mais do que legítimo que cidadãos protestem contra
a corrupção e suas trágicas consequências ao país.
No entanto, a
generalização que esses movimentos têm feito a políticos e partidos pode ser
muito perigosa. A criminalização da atividade política como um todo só
interessa aos maus homens públicos, aos que querem ver o continuísmo, sem
mudanças reais em nosso sistema político.
Dizer que um partido
político é uma quadrilha, que todo político é "isso" ou
"aquilo" não contribui em nada para a melhora do cenário político do
Brasil. Ao contrário! Só reforça um argumento equivocado e enraizado de que
nada pode ser feito para melhorar nossa realidade. Importante saber que os
partidos são veículos fundamentais à democracia.
Sim, existe um caminho
de mudanças. E esse caminho passa - invariavelmente - pela política. Goste ou
não, o fato é que somos governados por políticos e assim continuaremos. E uma
nova forma de fazer política só será possível por meio de novos quadros, novos
atores, e pela constante oxigenação de ideias e pensamentos.
É clara a necessidade
de se incentivar uma maior participação da sociedade civil na vida política. É
hora de incentivar a construção de políticas públicas que realmente atendam às
necessidades da população. Ora, uma sociedade civil fraca é sinônimo de
democracia fraca.
No entanto, quantos
jovens brasileiros com vocação para servir ao público são desestimulados a
entrar na política? Quantos líderes perdemos porque foram desencorajados desde
muito cedo por parentes e amigos?
A política brasileira
pede sangue novo. É errado privar as pessoas desse contato. É errado tirar esse
importante instrumento do futuro da população. Como disse certa vez um
experiente político para um jovem: "Venha para a política. A perfeição
talvez esteja em você".
Não se trata de
paladinos da ética ou da moralidade. Trata-se de política com conteúdo. Fazer
política é pensar na coletividade. Mas, no Brasil de hoje, os "bons"
políticos são aqueles que não superam a obrigatoriedade da honestidade. Ou,
ainda pior, os que bradam o exercício ético ou de boas intenções.
A educação, por
exemplo, sempre está nas principais pautas e agendas quando se debate a
construção de um Brasil melhor, embora investimentos nessa área ainda estejam
muito aquém do que realmente precisamos. Mas é inadmissível que a educação
política não seja instituída nas escolas, nas faculdades, ou nas mais variadas
academias do conhecimento. Ou seja: a formação política das crianças e dos
jovens é uma necessidade presente.
Se os movimentos de
combate à corrupção buscassem também o amadurecimento político e o
aperfeiçoamento de nossas instituições, sensibilizariam os atores sociais a
assumirem novas responsabilidades. Gente talentosa não falta em nosso país. E
sempre precisamos delas, mas com urgência na política. Avante!
Nenhum comentário:
Postar um comentário